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Imprensa e cooperativismo, educação e informação

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Luiz Vicente Suzin, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina – Ocesc

Desde que o homem surgiu sobre a face da terra sua sobrevivência somente foi possível pela cooperação. O homem é um ser gregário por natureza. O surgimento do cooperativismo em Rochdale-Manchester, no interior da Inglaterra, no ano de 1844, organizou em postulados e princípios uma doutrina de trabalho e solidariedade que o homem já experimentava deste a proto-história da humanidade, quando a cooperação permitiu aos primeiros grupamentos humanos enfrentar e sobreviver à macrofauna formada pelos temíveis dinossauros que dominavam o planeta.

A doutrina espalhou-se pelo mundo e hoje impregna praticamente todos os setores da atividade humana. O surgimento de bem-sucedidas empresas e empreendimentos de natureza cooperativista decorre, em grande parcela, do seu quinto princípio fundamental e universal – educação, formação e informação – que está na gênese de sua disseminação. Santa Catarina notabilizou-se no Brasil como uma unidade da Federação com alta taxa de adesão ao cooperativismo, com mais de 3 milhões de catarinenses associados às sociedades cooperativas de vários segmentos da atividade profissional e empresarial.

Embalada por essas condições, a Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc) atendeu convite da Associação Catarinense de Imprensa (ACI) para promover o 1º Prêmio ACI OCESC de Jornalismo, iniciativa que revelou-se exitosa com a inscrição de mais de 350 trabalhos. A jornada histórica e a origem das duas instituições apresentam um notável paralelismo. A ACI, que completa 90 anos de fundação em 2022 e, a Ocesc, com meio século festejado em 2021, comungam filosofias convergentes e revestidas de elevado interesse público: a democracia, a justiça, o pluralismo e a liberdade.

Essa aproximação revelou-se altamente fundada em objetivos comuns na medida em que uma propugna um jornalismo de qualidade, independente e norteado pelos superiores interesses da coletividade, a outra defende um modelo de negócio ético, sustentável, inclusivo, transparente que valoriza a participação e proporciona resultados diretamente correspondentes ao esforço e dedicação de cada um.

A imprensa e o cooperativismo são instituições essenciais ao fortalecimento da democracia e à dinamização da economia e ambas têm, na educação e na formação, um de seus compromissos.

Aquilo que as empresas privadas, sob o rótulo de “responsabilidade social”, criam e implementam campanhas destinadas a atender a comunidade regional envolvente, num misto de marketing, filantropia, ação social e cidadania solidária, as empresas de natureza cooperativistas atendem, no dia a dia, pelo simples exercício de suas atividades. Para as cooperativas, o trinômio educação/formação/informação é uma prática cotidiana essencial para fortalecer a cultura cooperativista e robustecer o quadro social. Para a imprensa, a informação é matéria-prima para toda sua produção jornalística que, em face de seu compromisso com a verdade, resulta em efeito pedagógico para o grande público. O papel educador dos meios de comunicação é imenso. Quando Edgar Roquette Pinto criou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro em abril de 1923 tinha como pressuposto – já naquela época – difundir cultura e educação. Tanto que, em 1936, ele doou a emissora para o Ministério da Educação e Cultura, dali surgindo a Rádio MEC que opera até hoje.

O Prêmio ACI Ocesc de Jornalismo , portanto, além de valorizar e premiar a atividade dos profissionais de imprensa, reafirma a vocação da sociedade catarinense para o trabalho e a cooperação, a liberdade e a educação.

Luiz Vicente SuzinPresidente da Ocesc

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